domingo, 9 de fevereiro de 2014

Ai hoje, fui no Bola 13 pra curtir o som da Mario´s Mustache, a banda do meu irmão. Eles mandam bem pacas, apesar de não conseguirem ver isso.

Curti Rock Jamp, e Garimpeiros da Lua também.

O engraçado foi que o depois de sair, resolvi dar uma volta de carro por alguns lugares do centro da cidade. Como todo centro de qualquer cidade, estava morto, sem ninguém nas ruas.
Porém, continuei, fui pela Avenida München, e lembrei como aquilo era lotado quando eu era mais novo, e lembrei de um fato bem marcante na minha vida, que apesar de ser marcante, eu havia esquecido.

Quando fiz 18 anos, eu estava com ela. Ela tinha 17, e eramos jovens, alegres, sem nada pra se preocupar. Ganhei uma festa surpresa. Lembro que quando cheguei em casa, ela estava arrumada me esperando e eu não entendi porque. Enfim, muitos amigos, verdadeiros amigos, estavam aqui. Fizemos um churrasco e fomos de Kombi para a Avenida Münchem, eu queria beber e me divertir. A Kombi era do vizinho e quem me convenceu a ir foi uma amiga, uma verdadeira amiga.

Bom, fomos até o Bola 8 que nem existe mais. Curtimos um Rock'n'Roll, jogamos sinuca, apesar de eu nunca ter sido bom nisso. E saímos, eu e ela queriamos um lugar especial para comemorarmos meu aniversário.

Na saída, um cara olhou pra ela e disse: larga esse babaca e vem sentar no meu colo. Eu não ouvi essas palavras, ela me contou na esquina posterior. Eu tinha visto ela cumprimentar o cara e ele ter falado alguma coisa no ouvido dela. Mas não dei bola na hora.

Bom, quando ela me contou isso, eu fiquei louco, falei a ela que voltaria e espancaria o cara até ele pedir pinico. Ela me disse que era uma loucura, que eu quem apanharia, pois ele era 1º Dan em Tae Kwon Do. Sim, ela o conhecia da acadêmia que ela treinava.

Titubeei por um momento, mas fui. E ela era assim, gostava da guerra. Me avisou que eu não deveria ir, mas não me impediu de ir até lá. Não me segurou, não falou uma segunda vez. O que penso hoje, é que ela entendia minha natureza, e sabia que seria pior me segurar e impedir aquilo.

Pois bem, quando fui pra cima do animal, não vi nada, como sempre, me entreguei a barbarie, peguei uma garrafa dando bobeira em uma outra mesa, e acertei-lhe em cheio nas têmporas. Como um bárbaro, cai em cima dele e desferi murros que sabia que ele não teria como impedir pela natureza de sua arte marcial.

Ao fim, creio que no máximo uns 2 minutos de briga, corri para ela e agarrei sua mão. Corremos, sorríamos. Esse era nosso vício, a guerra.

Não soube do garoto, nem me importava. Porque tinha saciado minha necessidade, e ela também.

A partir de então, entramos num vórtice de guerras cotidianas que nos levaram a inúmeros machucados, socos e pontapés. Sempre com outros. E foi um tempo mágico.

Não me arrependo desses dias. Acho que quem apanhou mereceu. Assim como eu apanhei mais do que surrei e mereci isso. Eu era um babaca.

Hoje, não tramo guerras, não vejo motivos.

Hoje, a guerra está vencida.

Mas nunca, esquecerei aquele sorriso de satisfação e a frase que surgiu assim que nos beijamos em algum muro: "Otário, mereceu aquela surra. E você, meu guerreiro, mostrou como defender uma dama."

É difícil recomeçar. Foi difícil enterrar seus ossos.

E agora, mais velho, mais calmo e mais tranquilo. Vejo nessa garota, a do dois contos, o mesmo brilho no olhar que vi um dia.

Sei o quanto ela entende minha natureza e me aceita mesmo com isso.

Espero ainda ter tempo, para amar como deveria.