segunda-feira, 20 de abril de 2009

Não queria falar sobre isso, acho que hoje não queria falar sobre nada, nem com ninguém. Dia 16 de abril de 2009 se torna oficialmente o dia mais triste da minha história.
Uma estrela brilha mais forte no céu que minha filha vê. Na sua inocência é mais fácil fazer ela acreditar que a mãe continua viva em outro lugar do que lhe mostrar a verdade crua que eu vejo.
Nossa era é rápida demais, tão rápida que as notícias chegam como um soco no estômago. Você se acostuma a abrir o seu orkut, olhar os recados idiotas na maioria das vezes, ver depoimentos que são conversas ou declarações frias, mas nada muito relevante. Ai um belo dia alguém avisa que outro alguém morreu.
Ela era jovem, 25 anos. Inteligente, vivia de uma maneira alucinada que sempre me encantou e me afastou. Tive medo. Tive vontade. Tive amor. Tive ódio. Agora nada mais importa.
Uma fatalidade, uma inconsequência, um passo em falso e ela se foi. A cena descrita pra mim não é para qualquer estômago: "o crânio abriu, e ela ficou toda arrebentada, não teve chance, mas pelo menos não deve ter sentido dor".
Minha filha perguntou se havia saído muito sangue, menti, disse que não. Disse que a mamãe estaria lá no céu ohando por ela, e vendo ela crescer. A pequea Lilith não entende muito bem ainda a perda, seus sentimentos ainda não estão totalmente desenvolvidos, ela não tem medo, nem tristeza, mas logo ela vai sentr falta da mãe. E eu tambem.

Eu não sei o que fazer agora, não quero acreditar que Alice morreu. É muito dificil conviver com essa verdade. To meio tonto. To doente.
Sonhei com ela na noite em que morreu, apenas uma coincidência, mas mexeu comigo.
Amei essa mulher. Mais do que a mim mesmo. E nunca tive a chance de dizer isso a ela, e agora vou ter que conviver com esse remorço pelo resto da minha vida.
Ela deixou muita gente chorando, mas a maioria tem alguém a abraçar.
Eu vou chorar sozinho, escondido, por horas, por dias , por anos.
Queria ter pedido desculpas.
Só hoje eu queria acreditar em Deus. Só hoje eu queria poder me confortar e pensar que ela está num lugar melhor. Só hoje queria voltar no tempo, uma semana atrás e impedir que isso acontecesse.
Afinal, talvez você tivesse razão e esse mundo fosse pequeno demais para nós dois. Mas eu deveria ter partido e não você. Eu me afastei por nós, eu fui o mais longe que podia para poder vivermos em paz.
E agora Alice? O que que eu faço com as lágrimas que teimam em descer dos meus olhos cada vez que vejo o rosto da nossa filha e nela vejo o seu brilho?
Comecei a tomar ritalina de novo e o psicólogo recomendou um antidepressivo. Não vou tomar antidepressivo porque o mundo ficou mais triste hoje e essa tristeza vai durar. Esse nó na garganta vai ficar aqui, só para eu lembrar de nunca mais protelar uma decisão.
Na quinta choveu torrencialmente em feira de santana, acho que na sexta choveu em ponta grossa. Aqui em feira o tempo continua ruim, fechado. Mas eu prometo que vou sorrir de novo. Não do mesmo jeito, mas vou sorrir.

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